A independência do Brasil



D. Pedro na regência 



Desde o início do governo, o príncipe D. Pedro enfrentou grandes dificuldades. A situação financeira era má, o tesouro estava quase esgotado e o comércio sofria grande crise. Além disso, a retirada de inúmeros funcionários desorganizara a administração. D. Pedro procurou logo melhorar a situação. Fez rigorosas economias, reduziu as próprias despesas e estabeleceu, pela primeira vez no Brasil, o regime dos orçamentos. Nem todas as províncias, porém, reconheciam a autoridade de D. Pedro: as juntas administrativas do Pará, Maranhão e Bahia recusavam-se a obedecer a seus decretos. Também perturbavam a administração as lutas entre os partidos políticos: o português, que pretendia conservar o Brasil sob o jugo da metrópole; o monárquico, que desejava a independência com D. Pedro imperador, e o republicano, menos numeroso. Política antibrasileira. Logo após o regresso de D. João VI, as Côrtes portuguesas iniciaram, em relação ao Brasil, uma política não inteligente e contrária ao progresso e à liberdade: procuravam reduzi-lo novamente à situação de colônia. Um decreto declarou as juntas governativas das províncias independentes do Rio de Janeiro e sujeitas somente à metrópole: o Príncipe Regente ficaria, assim, reduzido a simples governador do Rio de Janeiro e de mais duas províncias do Sul. Por outros decretos de Lisboa, suprimiam-se os tribunais e as repartições que D. João VI criara e deter- minava-se que D. Pedro regressasse ao reino, "para completar sua educação", em viagens pela Europa. 

O "Fico" 


A indignação foi geral. D. Pedro, todavia, parecia hesitar. Os patriotas começaram, então, um movimento para que o príncipe não atendesse às ordens das Côrtes. Vieram das províncias representações populares: pedia-se a D. Pedro que não obedecesse às ordens de Lisboa e permanecesse no Brasil. No Rio de Janeiro, a mensagem do Senado da Câmara (assim se chamava, nesse tempo, a Câmara Municipal) tinha, em poucas horas, a assinatura de oito mil pessoas; a 9 de janeiro de 1822, foi solenemente levada ao príncipe. Após ligeira hesitação, D. Pedro deu autorização para exprimirem seu pensamento sob esta forma: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico." Essa foi também a frase que D. Pedro empregou, no mesmo dia, numa carta que escreveu a D. João VI. Houve grandes festejos pela resolução tomada, pois era um grande passo para a independência. A Divisão Auxiliadora Portuguesa tentou revoltar-se, mas o príncipe, com o apoio do povo, dominou com energia a situação e obrigou as tropas a embarcar para a Europa. Em quase todo o Norte, repetiam-se conflitos entre nacionais e portugueses. Ganhando certa ascendência sobre o espírito de D. Pedro, procurava José Bonifácio, ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, encaminhar os fatos de maneira a tornar-se cada vez mais seguro o êxito da causa da independência. Um dos mais importantes decretos conseguidos por José Bonifácio determinava que nenhuma lei das Côrtes Portuguesas poderia ser executada no Brasil sem o "Cumpra-se" do regente.

No caminho da Independência


Uma esquadra que viera com reforços e devia levar a Portugal o príncipe, foi por ele obrigada a regressar. Diante de tais fatos, as Côrtes Portuguesas determinaram novas medidas para a recolonização do Brasil. D. Pedro, entretanto, orientado por José Bonifácio, continuava a tomar providências em favor da separação. A Câmara ofereceu-lhe o título de Defensor Perpétuo do Brasil. Convocou-se uma Assembleia Constituinte; enviaram-se forças em auxílio dos nacionais que, na Bahia, lutavam contra os soldados do general Madeira, oficial português; e consideravam-se inimigas todas as tropas do reino que tentassem desembarcar no Brasil. Em agosto de 1822 o príncipe lançou um manifesto francamente favorável à independência. As Cortes de Lisboa tomaram, então, medidas ainda mais violentas: declararam nula a convocação da Assembleia brasileira, nomearam uma nova regência e intimaram D. Pedro a regressar imediatamente a Portugal, sob pena de perda dos direitos. O grito do Ipiranga Quando a notícia dessas medidas chegou ao Brasil, estava D. Pedro em São Paulo. O Conselho, reunido sob a presidência de D.ª Leopoldina, grande animadora da causa da independência, depois de examinar a situação, enviou ao príncipe os despachos vindos de Lisboa e cartas de José Bonifácio e da Princesa Regente. O correio do Rio de Janeiro alcançou, próximo do riacho Ipiranga, o príncipe, que regressava de Santos; era ao cair da tarde de 7 de setembro de 1822. Depois de ler as cartas e decretos, viu D. Pedro que tinha chegado a hora de agir. Dirigiu-se à comitiva e à guarda, que estavam pouco adiante: “Camaradas! As Cortes de Lisboa querem mesmo escravizar o Brasil; cumpre, portanto, declarar já sua independência. Estamos definitivamente separados de Portugal!” E, erguendo a espada, bradou solene: “Independência ou Morte!” Quando chegou a São Paulo, foi o Príncipe aclamado pelo povo, que viera a seu encontro, erguendo vivas à Independência; à noite houve espetáculo de gala, e foi cantado o Hino da Independência, cuja música é composição de D. Pedro. Três dias depois partia D. Pedro para o Rio, e era por toda parte recebido com grandes ovações. A 12 de outubro era solenemente aclamado Imperador do Brasil.

Guerra da Independência 


Quando D. Pedro I foi coroado e sagrado Imperador do Brasil (1-12-1822), ainda havia em várias províncias tropas fiéis ao governo de Lisboa: o Imperador tratou logo de expulsá-las. A luta contra as forças lusas foi mais demorada na Bahia, onde seu comandante, general Madeira, dispunha de navios e numerosa tropa. Derrotado em vários combates, resistiu durante alguns meses ao cerco, mas teve de retirar-se para Portugal quando a esquadra do almirante Cochrane bloqueou o porto de Salvador (2-7-1823). A resistência lusitana no Maranhão foi vencida por Cochrane e, no Pará, pelo capitão Grenfell. Na Província Cisplatina, a resistência das tropas portuguesas, sitiadas em Montevidéu, só cessou em 1823. Só em 1825 é que Portugal reconheceu a independência do Brasil. 


DATAS PRINCIPAIS 


- 9 de janeiro de 1822 Dia do "Fico". 
- 13 de maio de 1822 D. Pedro recebe o título de "Defensor Perpétuo do Brasil". 
- 3 de junho de 1822 Convocação de uma Constituinte Brasileira. 
- 7 de setembro de 1822 "Independência ou Morte!"

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