I. K. Brunel e o "Great Western"

 



Desde muito cedo, o inglês Isambard Kingdom Brunel demonstrou uma facilidade natural para o desenho. Esta aptidão foi fomentada por seu pai, que era um engenheiro de reconhecida capacidade. Em 1820, com a idade de 14 anos, Brunel foi a Paris para estudar no Collège Henri Quatre.

Três anos depois, ao regressar de Paris, Brunel foi trabalhar nos escritórios da empresa de engenharia de seu pai. Em 1825, este recebeu o encargo de construir um túnel sob o rio Tâmisa, desde Wapping a Rotherhithe, e o jovem Brunel foi nomeado engenheiro-chefe, encarregado do projeto. Depois de lutar durante três anos, quando o rio inundou as obras em várias ocasiões, o projeto foi abandonado. O trabalho foi reiniciado muito depois, e o túnel, por onde ainda passa um ramal da ferrovia de Londres, foi acabado em 1843.


Isambard Kingdom Brunel (1806 - 1589) e algumas das mais famosas realizações de engenharia em que participou. Acervo: Ludus Schola


Entretanto, dez anos antes, Brunel fora nomeado engenheiro-chefe da então recém-fundada ferrovia Great Western Railway, cargo que ocupou durante treze anos. Seu trabalho consistiu em projetar e construir a primeira linha férrea de Paddington, em Londres, até Bristol. Ele era perito na construção de pontes e escavação de túneis. Para diminuir os riscos de acidentes durante a construção de túneis, inventou um protetor.

Este permitia aos trabalhadores escavar apenas uma seção da frente. O acesso às diversas seções se fazia por meio de portas no protetor e, como este tinha seus próprios suportes do teto, havia menos perigo de desabamentos.

Brunel não só era um magnífico engenheiro, como um hábil negociante com os proprietários de terras. Muitos destes, apesar da ferrovia duplicar o valor de suas propriedades, se recusavam energicamente a que a estrada passasse por suas terras. Em consequência, às vezes era necessário pagar enormes indenizações pelos terrenos sobre os quais se construiria a ferrovia. Em outras ocasiões foi preciso fazer desvios muito custosos, para não atravessar algumas propriedades. Apesar de tudo, Brunel conseguiu construir a linha com curvas suaves e pequenos gradientes.

Baseado em cálculos teóricos, Brunel adotou um tipo de bitola larga (2,10 m entre os trilhos, em vez de 1,43 m, como em outros lugares da Grã-Bretanha) para as linhas da Great Western. Ele afirmava que com sua bitola larga se conseguia maior segurança, mais rapidez e comodidade no transporte. No entanto, isto tornou muito difícil o intercâmbio de tráfego entre a Great Western e as outras linhas. A “batalha das bitolas” durou muitos anos, mas finalmente, em 1892, a Great Western cedeu e adotou a medida comum. Para estender os serviços da companhia mais para o oeste, Brunel desenhou um barco a vapor, de pás, que faria a travessia do Oceano Atlântico. Este barco, chamado Great Western, fez sua primeira travessia transatlântica em 1838, num tempo de 15 dias. Brunel projetou mais dois barcos o Great Britain e o Great Eastern. O segundo foi lançado em 1859, poucos dias antes da morte de Brunel, por excesso de trabalho.

Entre as pontes mais famosas que construiu está a Royal Albert Bridge, sobre a qual a ferrovia cruza o rio Tamar, em Saltash, Cornwall. Brunel também desenhou a Clifton Suspension Bridge (ponte pênsil), sobre Avon, mas não viveu para vê-la construída.

Nascido em Portsmouth em 1806, Brunel foi um engenheiro extraordinário, um projetista atrevido e um excelente desenhista, que já aos 24 anos fora eleito membro fellow da Real Sociedade de Londres. Seu gênio deu à ferrovia Great Western um caráter especial, que ainda não perdeu de todo, inclusive depois da fusão, em 1948, com as outras ferrovias da Grã-Bretanha, para formar um sistema único nacionalizado.



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