O átomo

 

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Penetrar no impenetrável dividir o indivisível, eis os feitos da inteligência humana. E, de repente, uma descoberta: ambos o impenetrável Universo e o aparentemente indivisível átomo – são idênticos em sua estrutura. E ambos podem ser analisados e conhecidos. O átomo, para servir ao homem, gerando energia, curando as doenças, diminuindo as distâncias: o átomo que, afinal, foi domado.


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A radioatividade existe desde que o mundo é mundo, mas durante  muito tempo os homens estiveram tão ocupados com outros – problemas importantes, que nem lhe deram atenção. Em 1896, porém, o físico francês Becquerel interessou-se pelo assunto e começou a estudá-lo. Depois dele, uma cientista polonesa Marie Curie continuou pesquisando o campo da radioatividade até fazer notáveis descobertas que lhe valeram dois prêmios Nobel. Desde então, os cientistas passaram a investigar a radioatividade, desvendando aos poucos o mistério que a circundava.


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Sabe-se atualmente que há no universo 92 elementos químicos naturais com estrutura atômica estável. O primeiro deles, o hidrogênio, tem o átomo com um próton, um elétron e nenhum nêutron. O último da lista é o urânio, cujo átomo reúne 92 prótons, 92 elétrons e um número diferente de nêutrons. Elementos que possuem o mesmo número de prótons e número diverso de nêutrons recebem o nome de isótopos.


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O isótopo radioativo emite partículas de caráter bem definido. As partículas alfa têm a mesma constituição do núcleo do átomo do hélio, com carga elétrica positiva. As partículas beta são elétrons, apresentando carga elétrica negativa. O terceiro tipo de radiação – os raios gama – é de natureza eletromagnética, como os raios X.



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Alguns elementos, como o rádio, o urânio e o tório, são naturalmente radioativos, mas há outros que exigem métodos artificiais para poderem emitir partículas. Todos eles, entretanto, sofrem transformações com a radioatividade, pois a perda de partículas altera o peso atômico dos átomos, modificando a sua estrutura interna. O átomo de rádio, por exemplo, perde 4 unidades do seu peso atômico (226) sempre que emite uma partícula alfa, pois o peso desta é 4. Dessa forma, seu peso atômico passa a ser 222 e ele se transforma num gás raro – o radônio. As partículas desprendem-se do átomo em radiação a grande velocidade e a imensa energia de que dispõem faz delas projéteis de grande potência, a despeito de sua dimensão mínima.


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Impressionados com essas qualidades das partículas alfa, diversos cientistas, a partir de 1920, procuraram utilizá-las para bombardear o átomo, a fim de conhecer suas reações. O “canhão” criado pelo físico inglês Sir Ernest Rutherford tinha essa finalidade e era um dispositivo simples: consistia num caixão de chumbo contendo um fragmento de rádio, o qual emitia suas partículas através de um orifício numa das paredes do caixão.


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Logo de início, porém, surgiu um transtorno: os “projéteis” do canhão nunca atingiam seu alvo – o núcleo atômico. Eram sempre repelidos por uma força desconhecida. Daí, os “artilheiros” científicos concluíram que deveria haver um agente elétrico positivo, barrando a passagem das partículas alfa, também positivas. Dito e feito: pouco depois se confirmou a existência do próton.


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Os físicos Cockcrof e Walton idealizaram um aparelho onde o próton ficava entre dois polos metálicos: um positivo, outro negativo. O próton livre (de carga positiva) era atraído a grande velocidade para o polo negativo, revelando-se um excelente projétil para certas formas de bombardeamento de núcleos.



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Mas nem por isso os “canhões” de partículas alfa perderam seu prestígio. Foi com um deles que, em 1931, foi bombardeado um núcleo de berílio, com um curioso resultado: a partícula alfa, com suas 2 cargas elétricas, penetrou no núcleo de berílio, que possui 4 cargas. Estas não reagiram à intromissão e o núcleo passou a ter ao todo 6 cargas, convertendo-se num núcleo de carbono. Nesse momento, aconteceu uma surpresa: o novo núcleo emitiu uma partícula até então desconhecida, a qual demonstrou não ter carga elétrica – nem positiva, nem negativa. Por ser eletricamente neutra, recebeu o nome de nêutron.


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Ao estudar de perto a nova partícula, os físicos verificaram que ela divide com o próton o minúsculo espaço do núcleo, cujo raio equivale à milionésima parte do milionésimo de um centímetro. E descobriram que no átomo do rádio existem 88 prótons para 138 nêutrons. O hidrogênio é o único elemento excepcional: seu núcleo tem somente um próton, não apresentando nenhum nêutron.


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Todas as investigações práticas da estrutura atômica dependem do bombardeamento de núcleos e, por isto, o descobrimento do nêutron ocorreu em boa hora. Graças a ele, foram aposentados os velhos “canhões” de partículas alfa, cujos projéteis se desviavam do alvo em virtude da carga positiva dos prótons do núcleo. Não dispondo de carga elétrica, o nêutron não sofre a influência de nenhuma outra partícula: segue diretamente até o núcleo e choca-se contra ele, desintegrando-o em seguida.


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Quando o assunto é átomo, existe uma regra importante: a diferença entre dois átomos é o número de elétrons que cada qual possui. Isso porque o número de elétrons de um átomo é fixo, bem como a sua distribuição em volta do núcleo. O mesmo não acontece com os nêutrons: às vezes aparecem átomos com mais nêutrons do que o normal, como acontece com o oxigênio. Normalmente, o átomo de oxigênio tem 8 nêutrons, mas eventualmente pode apresentar 9. Esse nêutron excedente não muda suas características químicas, mas altera o seu peso atômico. Por terem o mesmo número de elétrons dos átomos normais e serem quimicamente idênticos a eles, esses átomos excepcionais são postos na mesma escala que eles, na tabela de Mendeleiev. Mas o seu peso atômico diferente lhes dá um título especial: chamam-se isótopos. O átomo do deutério é um exemplo típico disso: embora tenha a mesma estrutura química do hidrogênio, o deutério difere dele por ter um nêutron, que o torna mais pesado. Dessa forma, o deutério é um isótopo do hidrogênio. Combinado com o oxigênio, o deutério se transforma num líquido muito usado nos reatores atômicos – a água pesada.

O fio da meada que iria conduzir à grande descoberta – a fissão nuclear – esteve por muito tempo na mão de Sir Ernest Rutherford. Muitos cientistas faziam pesquisas; suas descobertas eram confrontadas e encadeadas, mas sempre, de uma forma ou de outra, estavam relacionadas com as de Rutherford. Este, entretanto, apesar de se interessar profundamente pelos núcleos dos átomos e acreditar que se poderia obter energia a partir destes, afirmava que para conseguir isso, era necessário dispender mais energia do que aquela que o próprio átomo poderia fornecer. Quem provou o contrário foi um químico alemão, Otto Hahn, que trabalhara com Rutherford. Juntamente com Fritz Strassman, em Berlim, conseguiu cindir átomos de urânio, bombardeando seus núcleos com nêutrons. Não suportando a carga do nêutron adicional, o átomo dividia-se em duas partes. Finalmente o indivisível estava dividido!

Este fenômeno foi então corretamente interpretado por Lise Meitner – que já anteriormente havia desenvolvido pesquisas com Hahn. Ela afirmou que a fissão de um átomo levaria diretamente à reação em cadeia. Isto quer dizer que, fragmentando-se um átomo de urânio, este expulsa novos nêutrons que, por sua vez, vão atingir novos átomos e assim, sucessivamente, numa escala cada vez maior. Suas conclusões foram publicadas em 1939, num trabalho elaborado conjuntamente com Otto Frisch.

Daí à bomba atômica e, principalmente, ao controle e à utilização racional da energia atômica, os fatos se precipitaram. Ο caminho foi trilhado por aproximadamente 6.000 cientistas, de todas as nacionalidades, que contribuíram cada um com seu quinhão.


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A confirmação prática da reação em cadeia foi conseguida por Enrico Fermi, que havia muito tempo afirmava tal possibilidade. A 2 de dezembro de 1942, Fermi produziu a primeira reação em cadeia autossustentada, iniciando a liberação controlada de energia nuclear. Isso ocorreu na Universidade de Chicago, numa pequena dependência situada no campo de esportes.

Um único átomo de urânio, ao desintegrar-se, liberta uma energia cem milhões de vezes maior do que a produzida pela queima de uma molécula inteira de um combustível como a gasolina. Conhecendo esse potencial, os físicos criaram a bomba atômica, na qual uma grande massa de urânio é bombardeada com nêutrons, para obtenção de uma gigantesca reação em cadeia. Os milhões de núcleos que assim se rompem libertam instantaneamente uma quantidade monstruosa de energia, a qual faz a temperatura subir a milhões de graus. A massa de ar aquecido que se forma no local da explosão atômica varre a região vizinha num raio de muitos quilômetros, destruindo tudo que encontra pela frente, como aconteceu nas cidades de Hiroshima e Nagasáqui, onde foram lançadas as primeiras bombas desse tipo.

Por sorte, os mesmos homens que criaram o poder destrutivo da explosão nuclear descobriram também a maneira de controlar a fissão dos átomos, a fim de que a reação em cadeia se estenda por longos períodos, permitindo o uso de sua energia para fins pacíficos. Assim surgiram as pilhas atômicas (ou reatores nucleares), uma das quais está em São Paulo, na Cidade Universitária.








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