História do Circo

 

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Tenda de lona, toscas arquibancadas de madeira, picadeiro em forma de círculo. Palhaços, acrobatas, malabaristas, mágicos, domadores. Bichos amestrados, engraçados ou agressivos. A bandinha. Hoje aqui, amanhã em outra parte, resistindo o quando pode às novas formas de diversão, o circo prossegue sua aventura, a de levar à gente de qualquer idade a alegria e a emoção de um mundo encantado. Distinto público, o espetáculo vai começar.

O circo veio de longe em seu desfile pela história. Começou na Roma antiga, mais de 200 anos antes de Cristo, herança dos etruscos. Primeiro, era uma festa religiosa ao ar livre, depois tornou-se um conjunto de competições, os ludi circenses, jogos de circo. Aliás, a palavra latina circus designava antes o lugar em que as competições se desenrolavam do que um “show” propriamente dito.

O circus tinha a forma de uma grande elipse, composta de três partes: a arena ou pista, onde se realizava o espetáculo; o anfiteatro ou arquibancadas, onde ficava a assistência; e as cavalariças, para abrigar carros e animais. O centro da arena era cortado por um embasamento – spina – enfeitado com estátuas, altares, colunas, obeliscos. Nas pontas, dois cones de madeira – as metas – que os carros de corrida deviam contornar.



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O maior dos circos romanos chamou-se Maximus ou Circus Maximus – Maior Circo. No século III a.C., contudo, quando foi erguido, de máximo ainda não tinha nada; era uma construção até modesta. Depois, foi transformado num imponente edifício de pedra, com capacidade para dezenas de milhares de espectadores. Em 46 a.C., Júlio César mandou restaurá-lo em ampliá-lo. Quinze anos depois, o imperador Augusto mandou reconstruir o palco imperial e fez colocar sobre o embasamento da arena um obelisco egípcio. (Esse obelisco existe até hoje, na Piazza del Poppolo, em Roma). Naquela época, o Circus Maximus media 535 metros de comprimento por 150 de largura; só a arena tinha 49 por 80 metros. O último espetáculo deu-se em 549, quando o circo começava a se desfazer em ruínas. Hoje, o que dele resta é um monte de pedras.

O circo de Roma tinha uma importante função política e social: fornecia à massa miserável um divertimento gratuito, uma válvula de escape às suas frustrações. Enquanto houvesse pão e circo – panem et circenses – o império estaria a salvo de levantes populares.

No período da decadência de Roma, 175 dias por ano eram de festa e boa parte deles destinava-se aos jogos de circo.



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Corridas de carros, combates entre gladiadores, entre homens e animais ou de animais entre si, eram as grandes atrações do circo romano. Os carros eram puxados por dois cavalos nesse caso chamavam-se bigas -, por quatro – quadrigas -, ou mais. Competindo em grupos de quatro, os veículos deviam dar quatro voltas em torno da spina, resultando um percurso total de sete quilômetros e meio. Um programa completo se compunha de 24 corridas, que começavam de manhã e terminavam ao anoitecer.


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O perigo que os participantes enfrentavam não era muito menor que o dos gladiadores. Acidentes fatais eram ocorrências de rotina. Muito frequentemente um dos condutores perdia o controle do carro ou dos animais e capotava com biga e tudo, indo parar sob as rodas dos outros veículos.

Em compensação, os corredores, aurigas (do latim aurea = rédea e ago = guia), eram bem remunerados. Um deles, chamado Crescêncio, tinha ganho, aos 22 anos, mais de um milhão e meio de sestércios, moedas de cobre de curso em Roma. Dinheiro corria também nas arquibancadas, sob a forma de apostas. Muitos espectadores vestiam túnicas de cores iguais às de seus favoritos, como uma torcida uniformizada.


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As lutas de gladiadores e feras realizavam-se em estádios como o Coliseu de Roma. Empresários cuidavam de arranjar os lutadores, recrutados entre prisioneiros de guerra, escravos, condenados, ou entre os que estivessem dispostos a arriscar a vida em busca de fama e fortuna.

Lutava-se com redes, tridentes, punhais e armaduras completas. Quando um dos gladiadores caía vencido, a multidão decidia de seu destino, mostrando o polegar virado para cima ou para baixo o que era ratificado pelo imperador, quase sempre presente. Polegar para baixo queria dizer morte. Os gladiadores apareceram pela primeira vez em 264 a.C. No ano 404 da era crista, os combates foram proibidos.

Carnificinas ou “caçadas” de animais selvagens eram também números muito apreciados. Quando Roma fez mil anos, o Coliseu apresentou, além de mil pares de gladiadores, 32 elefantes, 10 tigres, 60 leões, 30 leopardos, 10 hienas, 10 girafas, 20 asnos e 40 cavalos selvagens, 10 zebras, 6 hipopótamos e um rinoceronte.

Mas nem todos os animais se destinavam à morte; alguns eram treinados para mostrar certas habilidades.

Ao firmar sua posição no Império Romano, a Igreja conseguiu proibir os espetáculos dos circos. No entanto, acrobatas, malabaristas, jograis, saltimbancos e mágicos atravessaram a Idade Média e a Renascença. Em castelos, mercados, feiras e praças, representavam em troca de moedas. Quando tinham sorte - e suficiente habilidade -, chegavam a ser incluídos no séquito dos nobres.



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Os predecessores do circo moderno organizaram-se melhor em fins do século XV. Naqueles anos, um circo nos arredores de Londres incluía em seu programa cavalos, músicos e dançarinos na corda. O “show” se fazia com os cavalos parados, os equilibristas passando de um para outro. Mas, em 1758, um circo inglês apresentou um cavaleiro equilibrado de pé sobre dois cavalos em movimento. Coisa que os romanos já faziam no seu tempo.


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Em 1767, num “cirque” parisiense, montou-se um espetáculo hípico, entremeado de brincadeiras e acrobacias. Era o começo do circo moderno. Realmente, companhias circenses começaram a organizar-se pouco depois. A do inglês Astley apresentou-se em Paris em 1782, trazendo animais amestrados e um palhaço que fez muito francês chorar de tanto rir.

Famosos nessa arte de divertir o próximo foram os irmãos Franconi. Em 1788 montaram em Paris o Cirque Olympique des Frères Franconi, onde se representavam pantomimas e se exibiam animais amestrados: elefantes, cães, macacos, etc. Na mesma época, surgiram as ecuyères, mulheres que executavam difíceis números equestres.

Nos Estados Unidos, os primeiros circos apareceram em 1792, um em Filadélfia, outro em Nova Iorque, ambos de John Bill Ricketts.

A tenda de lona dos circos modernos, fácil de montar e desmontar, permite que a companhia se instale mesmo nas pequenas cidades. Mas é também responsável por grandes catástrofes: em 1944, em Hartford, nos Estados Unidos, incendiou-se o Circo Ringling-Barnum; morreram 168 pessoas. Às vésperas do Natal de 1961, em Niterói, pegou fogo o Gran Circo Americano, fazendo 211 vítimas.

Vítimas também ocorrem entre os artistas. E os domadores - trabalham dentro das jaulas de animais ferozes como tigres e leões - que são os que mais se expõem a acidentes. Muitos domadores já morreram nas garras de feras desde que números de domação foram introduzidos nos espetáculos do circo moderno, ou seja, desde 1820. Mas é justamente o perigo enfrentado pelo domador que torna suas exibições tão emocionantes para o público. Nota-se aqui, embora abrandada, uma herança do circo romano.


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De qualquer forma, o circo já teve dias melhores. De um lado, o aparecimento e a disseminação de novas formas de entretenimento, como a televisão, foram afastando o público das arquibancadas; de outro lado, circo é uma empresa que custa muito dinheiro e as despesas não podem ser cobertas aumentando-se o preço dos ingressos, porque se trata de uma diversão extremamente popular.

No Brasil, são poucas as companhias organizadas. E essas são geralmente pobres, mantendo-se Deus-sabe-lá-como. E as famílias circenses - que circo sempre foi negócio de pai para filho – vão se desfazendo ou passam para o teatro musicado, rádio e televisão. Foi o que se deu com o tradicional circo do Arrelia que, desde 1950 aproximadamente, se bandeou para a televisão paulista.





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