Robert Hooke

 



 

 

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No século XVII, o conjunto de conhecimentos científicos não era muito grande e, com frequência, uma só pessoa fazia descobertas interessantes em campos científicos tão diversos como astronomia ou medicina. Apesar disto, a variedade de matérias abordadas por Robert Hooke chama a atenção. Seu amplo campo de interesses está delineado na introdução de seu diário: “Passo a maior par- te do tempo me preocupando com todos os assuntos. ”

Hooke nasceu em 1635, na ilha de Wight, no canal da Mancha. Apesar de só frequentar a escola depois da idade de 13 anos, chegou a ser um dos homens de ciência mais importantes de sua época. Depois de ter estudado na Westminster School, ingressou em Oxford, onde conheceu pessoas do porte de Christopher Wren e Robert Boyle. As aptidões de Hooke para a mecânica e para o trabalho experimental logo vieram à tona, chegando a ser ajudante de Boyle. Este estudava as propriedades do ar, porém suas pesquisas estavam limitadas pelo fato de precisar de uma bomba adequada para comprimir ou fazer o vácuo nos recipientes. Hooke construiu a bomba e planejou experiências baseadas nela.


IMAGEM 01 - LEI DA MOLA DE HOOKE. Acervo: Ludus Schola.


Em 1662, a habilidade de Hooke foi recompensada com o cargo de Curator of Experiments, na Royal Society, que acabava de fundar-se. Solicitavam-lhe a fabricação de Instrumentos novos e que realizasse experiências para as reuniões semanais da Sociedade. Também era professor de mecânica e geometria no Gresham College, de Londres. Em 1665, publicou um livro, intitulado Micrografia, onde descrevia os trabalhos que fez para a Royal Society. Uma grande parte do livro ocupava-se das observações microscópicas, já que Hooke passou muito tempo projetando e aperfeiçoando microscópios. Suas observações estavam magnificamente ilustradas com desenhos feitos por ele mesmo. Foi, provavelmente, a primeira pessoa que viu e descreveu a estrutura celular das plantas, e a ele se deve o termo célula.

Hooke combateu com rigor a teoria de que os fósseis se haviam criado no interior das rochas, por ação de um poder misterioso. Sustentava que eram conchas ou esqueletos que de alguma forma "haviam ido parar ali". Como conseguiu identificar muitos fósseis, concluiu que no passado haviam vivido outros tipos de animais diversos da atualidade, e que as espécies atuais não tinham existido sempre. Em outras palavras: acreditava no que hoje chamamos de evolução.

Apesar de os trabalhos de Hooke haverem sido relegados devido à importância dos de Newton, fez contribuições importantes para a teoria da luz e o fenômeno de difração. Hooke e Boyle trabalharam conjuntamente em problemas relativos às propriedades do ar e da combustão, e aquele adiantou uma teoria sobre o assunto, em sua Micrografia. Sugeriu que, durante a combustão, uma parte do ar combinasse com o material que se queima. Isto é, desde logo, correto, porém decorreram vários anos antes que fosse aceito. Durante grande parte do século seguinte, prevaleceu a teoria do flogístico, segundo a qual existiam átomos de fogo separados no material combustível.

Depois de 1670, Hooke projetou um grande número de mecanismos, muitos dos quais fazem parte de máquinas atuais. Exemplo disto são os diafragmas de íris usados nas máquinas fotográficas, a junta universal e muitos mecanismos de relojoaria (por exemplo, o mecanismo de escape).


IMAGEM 02 - INVENÇÕES DE HOOKE. Acervo: Ludus Schola.


A maioria das observações de Hooke estão detalhadas nos artigos que apresentou à Royal Society. Constituem tal quantidade de matérias novas que nunca teve tempo de continuar os trabalhos sobre cada uma delas, deixando que outros usassem e desenvolvessem suas ideias. Esta é a razão por que seu nome é pouco conhecido.

Além disto, suas ideias estavam muito avançadas para sua época e não puderam ser verificadas. As relações pouco amistosas entre Hooke e Newton foram também um fator desfavorável. Newton sucedeu a Hooke na presidência da Royal Society, e nada fez para apoiar o trabalho deste. A fama de Hooke sobreviveu alguns anos após sua morte (1703), porém depois permaneceu quase esquecido durante mais de um século.



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