Se bem que, com o advento
da anestesia em meados do século passado, fosse possível um grande número de
operações cirúrgicas, a proporção de pacientes que sobreviviam era muito
reduzida. Isto era devido, não à deficiência cirúrgica práticas, mas às
infecções dos tecidos, produzidas por bactérias, que procediam do instrumental
e do meio ambiente. Tais infecções provocavam a decomposição dos tecidos,
envenenamento do sangue e, fatalmente, a morte.
Atualmente, qualquer parte
do corpo pode ser submetida a operação sem que corre nenhum risco desta
espécie. O progresso de método asséptico
(procedente da moderna cirurgia
asséptica) foi a principal contribuição de Lister para a medicina.
Lister nasceu próximo a
Londres, em 1827, e foi educado em ambiente científico. Se bem que seu pai
fosse comerciante de vinhos, dedicou grande parte de seu tempo ao
desenvolvimento de técnicas microscópicas. O jovem Lister estudou medicina em
Londres, diplomando-se em 1852. Na década seguinte, publicou o resultado de
seus trabalhos sobre a pele e os músculos do olho. Estudou também o papel dos
capilares na inflamação dos tecidos e os processos da coagulação do sangue. Mas
seu interesse pela fisiologia visava outros fins. Como pode ser deduzido por
suas cartas, Lister a considerou sempre como uma base da cirurgia, a que
dedicou todos seus esforços.
O primeiro cargo de
cirurgião que Lister obteve foi de ajudante do Professor James Syme, em
Edimburgo. Após breve estada na Royal Edimburgh Infirmary, foi nomeado
professor de cirurgia na Universidade de Glasgow em 1860. Foi aí que realizou
seu trabalho mais importante. As salas do hospital que foi entregue,
registravam uma série lamentável de antecedentes no que se refere à gangrena e
outras infecções semelhantes.
Lister continuou seus
estudos acerca da cicatrização dos ferimentos e da inflamação dos tecidos, e
observou que as fraturas (onde aquelas o osso não atravessa a pele)
cicatrizavam com mais facilidade. As outras mais complicadas, em que os ossos afloravam
à superfície, tinham, frequentemente, consequências fatais.
A opinião geral de médicos
na época de Lister, era que a formação de pus e a putrefação dos tecidos lesados
eram originadas pelo ar. Lister demonstrou que esta opinião era errônea,
atribuindo o que sucedia, não ao ar, mas a algo que este transportava.
Um colega de Glasgow
despertou a atenção de Lister para o trabalho que, na ocasião, Pasteur
executava na França. Pasteur havia demonstrado que o leite e o vinho se
deterioravam pela ação de pequenos organismos vivos (bactérias) que sempre
estavam presentes no ar.
Lister deduziu que a
infecção dos ferimentos se devia também a estes microrganismos, e dispôs-se a
encontrar meios de destruí-los. Ao longo de seu trabalho, Lister reconheceu a
dívida contraída com Pasteur, e os dois cientistas chegaram a ser grandes
amigos.
Lister escolheu como
antisséptico, o ácido carbólico, que
foi usado pela primeira vez numa cirurgia em 1865. Não só tratou do ferimento
(fratura de perna) com o referido ácido, como todo o instrumental foi usado na
operação inclusive suas próprias mãos e avental, e os de seus ajudantes. Também
pulverizou ácido carbólico no ambiente, para destruir os germes neles contidos.
Seu método asséptico, teve grande êxito,
se bem, que a princípio todos pensavam que seu único mérito era haver
descoberto um antisséptico determinado. Lister insistiu que ele não havia
descoberto o ácido carbólico nem suas propriedades antissépticas, mas que havia
demonstrado que as infecções dos ferimentos podiam ser curadas e, o que era
mais importante, evitadas.
Por volta de 1870, Lister
regressou a Edimburgo para substituir o Professor Syme, na cátedra de cirurgia
clínica. Durante este período de sua vida, continuou as pesquisas sobre
antissépticos, conseguindo melhorar seus métodos.
Outas de suas valiosas
contribuições foi o uso do catgut,
material usado para ligamentos, que é absorvido pelo corpo, o que não sucedia
com outros usados em sua época. Lister foi um cirurgião muito hábil e
competente. Desenvolveu uma grande variedade de novas técnicas, e ainda hoje se
usam os instrumentos que projetou.
Com o tempo, o sistema
asséptico de Lister obteve ampla aceitação, com exceção de Londres, razão por
que, somente com grande relutância aceitou a cátedra de cirurgia do King’s College, em 1877. O êxito de seus
métodos deu-lhe grade reputação nos círculos médicos de Londres, e recebeu
muitas honrarias, entre elas a concessão de título nobiliárquico em, 1897.
Lister morreu em 1912.
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