Joseph Lister e a assepsia cirúrgica

 


Se bem que, com o advento da anestesia em meados do século passado, fosse possível um grande número de operações cirúrgicas, a proporção de pacientes que sobreviviam era muito reduzida. Isto era devido, não à deficiência cirúrgica práticas, mas às infecções dos tecidos, produzidas por bactérias, que procediam do instrumental e do meio ambiente. Tais infecções provocavam a decomposição dos tecidos, envenenamento do sangue e, fatalmente, a morte.


IMAGEM 01 - JOSEPH LISTER - Acervo Ludus Schola




Atualmente, qualquer parte do corpo pode ser submetida a operação sem que corre nenhum risco desta espécie. O progresso de método asséptico (procedente da moderna cirurgia asséptica) foi a principal contribuição de Lister para a medicina.

Lister nasceu próximo a Londres, em 1827, e foi educado em ambiente científico. Se bem que seu pai fosse comerciante de vinhos, dedicou grande parte de seu tempo ao desenvolvimento de técnicas microscópicas. O jovem Lister estudou medicina em Londres, diplomando-se em 1852. Na década seguinte, publicou o resultado de seus trabalhos sobre a pele e os músculos do olho. Estudou também o papel dos capilares na inflamação dos tecidos e os processos da coagulação do sangue. Mas seu interesse pela fisiologia visava outros fins. Como pode ser deduzido por suas cartas, Lister a considerou sempre como uma base da cirurgia, a que dedicou todos seus esforços.

O primeiro cargo de cirurgião que Lister obteve foi de ajudante do Professor James Syme, em Edimburgo. Após breve estada na Royal Edimburgh Infirmary, foi nomeado professor de cirurgia na Universidade de Glasgow em 1860. Foi aí que realizou seu trabalho mais importante. As salas do hospital que foi entregue, registravam uma série lamentável de antecedentes no que se refere à gangrena e outras infecções semelhantes.

Lister continuou seus estudos acerca da cicatrização dos ferimentos e da inflamação dos tecidos, e observou que as fraturas (onde aquelas o osso não atravessa a pele) cicatrizavam com mais facilidade. As outras mais complicadas, em que os ossos afloravam à superfície, tinham, frequentemente, consequências fatais.

A opinião geral de médicos na época de Lister, era que a formação de pus e a putrefação dos tecidos lesados eram originadas pelo ar. Lister demonstrou que esta opinião era errônea, atribuindo o que sucedia, não ao ar, mas a algo que este transportava.

Um colega de Glasgow despertou a atenção de Lister para o trabalho que, na ocasião, Pasteur executava na França. Pasteur havia demonstrado que o leite e o vinho se deterioravam pela ação de pequenos organismos vivos (bactérias) que sempre estavam presentes no ar.

Lister deduziu que a infecção dos ferimentos se devia também a estes microrganismos, e dispôs-se a encontrar meios de destruí-los. Ao longo de seu trabalho, Lister reconheceu a dívida contraída com Pasteur, e os dois cientistas chegaram a ser grandes amigos.

Lister escolheu como antisséptico, o ácido carbólico, que foi usado pela primeira vez numa cirurgia em 1865. Não só tratou do ferimento (fratura de perna) com o referido ácido, como todo o instrumental foi usado na operação inclusive suas próprias mãos e avental, e os de seus ajudantes. Também pulverizou ácido carbólico no ambiente, para destruir os germes neles contidos. Seu método asséptico, teve grande êxito, se bem, que a princípio todos pensavam que seu único mérito era haver descoberto um antisséptico determinado. Lister insistiu que ele não havia descoberto o ácido carbólico nem suas propriedades antissépticas, mas que havia demonstrado que as infecções dos ferimentos podiam ser curadas e, o que era mais importante, evitadas.


IMAGEM 02 - PULVERIZADOR USADO POR LISTER - Acervo Ludus Schola


Por volta de 1870, Lister regressou a Edimburgo para substituir o Professor Syme, na cátedra de cirurgia clínica. Durante este período de sua vida, continuou as pesquisas sobre antissépticos, conseguindo melhorar seus métodos.

Outas de suas valiosas contribuições foi o uso do catgut, material usado para ligamentos, que é absorvido pelo corpo, o que não sucedia com outros usados em sua época. Lister foi um cirurgião muito hábil e competente. Desenvolveu uma grande variedade de novas técnicas, e ainda hoje se usam os instrumentos que projetou.

Com o tempo, o sistema asséptico de Lister obteve ampla aceitação, com exceção de Londres, razão por que, somente com grande relutância aceitou a cátedra de cirurgia do King’s College, em 1877. O êxito de seus métodos deu-lhe grade reputação nos círculos médicos de Londres, e recebeu muitas honrarias, entre elas a concessão de título nobiliárquico em, 1897. Lister morreu em 1912.




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