Se
existe vida em outro planeta do sistema solar, Marte é o que tem mais
probalidades para abrigá-las. Vênus e Mercúrio, os dois planetas mais próximos
do Sol, são demasiado quentes para permitir a vida. Os planetas exteriores,
Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão, são muito frios.
Só
em Marte existem condições favoráveis ligeiramente análogas às nossas aqui na
Terra, e há provas, com certo fundamento, a favor a teoria que existe vida
nesse planeta. A vida em Marte será, provavelmente, muito diferente da que
existe na Terra. Marte é um planeta pequeno e seu diâmetro mede, aproximadamente,
a metade do diâmetro terrestre. Por causa de seu menor tamanho exerce sobre a
atmosfera uma atração gravitacional menor que aqui na Terra e, como
consequência disso, a maioria de seus gases escapou para o espaço faz muito
tempo, milhares de anos. Portanto, Marte possui uma atmosfera muito rarefeita,
com pouco oxigênio, que é essencial para uma vida de tipo terrestre. Marte,
além disso, é um planeta árido, quase sem água, que é outra substância
necessária à vida. As noites marcianas são muito frias, já que quase não possui
atmosfera para isolá-lo e conservar o calor recebido durante o dia.
Todos
Estes fatores indicam que a vida em Marte deve ser muito difícil. Por outro
lado, não é fácil obter provas sobre a evidência de vida nesse planeta, já que
se situa muitas poucas vezes em posição favorável para sua observação. Marte demora
dois anos para percorrer sua órbita em torno do Sol. Quando Marte e a Terra se
encontram em aproximação mínima, da ordem de 48 milhões de quilômetros, diz-se
então que estão em conjunção. Porém,
a Terra se afasta cada vez mais de Marte — hoje se sabe que esse afastamento ocorre
devido à expansão do tecido do espaço-tempo, pois, o Universo está em constante
expansão — à medida que percorre sua órbita em volta do Sol, porque o tempo
gasto em descreve-la e metade do gasto por Marte para descrever a sua.
Quando
a Terra completou sai órbita inteira, Marte só percorreu metade da sua, encontrando-se
ambos os planetas na máxima distância entre si. Marte, oculto por trás do Sol,
é então praticamente invisível. A Terra completa uma segunda órbita e, durante
esse tempo, Marte completa a primeira. Ambos os planetas se encontram, de novo,
muito próximos, havendo transcorridos dois anos e dois meses desde a última vez
em que estavam a uma distância mínima, isto é, em conjunção. Só quando estão em
conjunção é que podemos realizar estudos detalhados de Marte.
Tal
como os mares e montanhas da Terra, a conformação da superfície de Marte
permanece fixa de uma estação a outra. Durante algum tempo se pensou,
erroneamente, que as manchas escuras que aparecem sobre sua superfície eram
oceanos, porém abandonou-se tal ideia, ao se comprovar que Marte é um planeta excepcionalmente seco. Quase todo o restante de sua superfície é de uma cor
avermelhada. Acredita-se que seja um deserto árido e gelado na maior parte do
tempo, formando um pó em vez de areia.
Entretanto, há algo muito importante no aspecto de Marte, que muda com as estações. Como a Terra, Marte tem dois polos, marcado por massas de gelo. Porém, acredita-se que tenham pouca espessura: 25 milímetros, aproximadamente. À medida que Marte percorre sua órbita, primeiro um polo e depois o outro aproximam-se do Sol, dando lugar as quatro estações, como na Terra (só que as estações em Marte duram o dobro(. Nos verões marcianos, os gelos fundem-se, e supõe-se que a água corre dos polos para o equador, desaparecendo por completo, a camada de gelo, que é a única fonte de água em Marte.
Quando os gelos se fundem, as águas atingem a zona escura da superfície do planeta, a qual, aparentemente, muda de cor, de parda ou lilás a esverdeada, parecendo reviver com a chegada das águas. Por esta razão imagina-se que exista vida vegetal naquelas zonas, que podem ser do tipo de musgos e liquens, com a robustez necessária para suportar as temperaturas extremas de Marte. Ao meio-dia, a temperatura pode alcançar os 25° C no equador, porém, durante a noite, chega até os 100° C abaixo de zero.
Quando
muda as estações e as camadas de gelo tornam a formar-se, estima-se que as
plantas, privadas de umidade, interrompam sua atividade, e permaneçam em estado
de vida latente até a nova chegada das águas polares.
Além
disso, outras razões fazem pensar que tais zonas esverdeadas e escuras são
devidas a alguma forma de vida do tipo vegetal. As plantas, na Terra, absorvem
certo comprimento de onda infravermelha do espectro, e este comprimento de onda
está ausente na luz refletida pelas plantas. Examinando a luz refletida por
Marte (isto é, a luz proveniente primitivamente do Sol e refletida sobre o
planeta), os astrônomos puderam detectar uma absorção análoga de ondas infravermelhas, de comprimento de onda quase idêntico. Este comprimento de onda
particular falta na luz refletida por Marte e se suspeita que foi absorvido
pelas zonas esverdeadas.
O
exame da luz ultravioleta refletida por Marte apoia também o ponto de vista
exposto. Embora a atmosfera de Marte seja muito limitada – mesmo na sua superfície
é mais tênue que a do cume do monte Everest –, proporciona certa proteção
contra as radiações ultravioletas emitidas pelo Sol. A atmosfera absorve a
maior parte da luz ultravioleta, impedindo que alcance a superfície do planeta.
Porém, algumas vezes, atmosfera se desorganiza, permitindo que passe a luz em
questão. Os fenômenos deste tipo são evidenciados pelo exame da luz
ultravioleta refletida por Marte.
Se a estação for adequada, e a atmosfera absorver a luz ultravioleta, as áreas escuras se alargam (suposta zona coberta por vegetal). Quando a atmosfera se desorganiza, as zonas escuras se tornam, novamente, claras, contraindo-se. A interpretação deste fenômeno é que as plantas foram destruídas pelo bombardeio das radiações ultravioletas.
Partindo das zonas escuras de “vegetação”, estendem-se umas linhas escuras e finas, que se cruzam sobre a superfície. Os primeiros astrônomos que as observaram acreditaram que tais linhas tinham uma regularidade, que, logo se comprovou, não era exata. Pensaram que as linhas, ou canais, fossem construídas por seres inteligentes. Esses canais teriam por missão introduzir as águas polares para as regiões áridas próximas ao equador, para irrigá-las. Contudo, a quantidade de água existente em Marte pode ser suficiente para encher um só rio, mas não para abastecer uma complicada rede de canais. Empregando telescópios mais potentes. Pode-se observar que os canais não mostram a menor regularidade. Podem ser contornos entre áreas de diferentes brilhos, ou manchas de pó vulcânico, que se destacam claramente sobre o fundo vermelho deserto.
Marte
foi examinado em grandes detalhes pelos cientistas terrestres. O próximo passo
será realizar observações sobre o próprio planeta, enviando foguetes providos de dispositivos para apanhar amostras da sua superfície. Os instrumentos a bordo
dos laboratórios espaciais serão capazes de analisar a “vegetação” e transmitir
informes para intérpretes na Terra.
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