As rãs, os tritões e as salamandras pertencem a um grupo de
animais chamados anfíbios. São vertebrados de temperatura variável (pecilotermos) com a pele úmida e viscosa
e carecendo de escamas. São, assim, obrigados a viver em lugares úmidos, onde haja
pouco perigo de dessecação. Os primeiros anfíbios devem descender da evolução de peixes com respiração
aérea, talvez durante o período devoniano, há 300 milhões de anos. Apesar dos
adultos serem capazes de viver em terra firme, não são totalmente terrícolas. Precisam
voltar à água para procriar. A maioria dos anfíbios que existe na atualidade, apesar
de altamente especializados para outros hábitos, continuam tendo uma etapa de
vida como larva pisciforme (girino),
durante a qual vivem na água. Os anfíbios atuais podem facilmente classificar-se
em três grandes grupos, que estudaremos a seguir.
Pertencem a este grupo os tritões e as salamandras, ou seja,
os anfíbios com cauda. Costumam ser de brilhante colorido e seu tamanho pode
variar de alguns centímetros até mais de metro e meio (Megalobatracus japonicus). A maioria das espécies tem, apesar disso,
menos de trinta centímetros de comprimento. Os ovos são fecundados dentro docorpo da fêmea e, de modo geral, o macho a corteja, antes do acasalamento, de
modo muito complicado.
Os tritões do gênero Triturus,
das regiões frias da Europa, nos servirão de modelo para descrever o ciclo
vital típico desta ordem zoológica. Depois da hibernação, os adultos ‒ o macho com sua chamativa libré nupcial entra na água e
começam, então, ‒ cortejo. O macho faz alarde de seu
colorido e da beleza de sua cauda. Depois do namoro preliminar deposita um
"globo" de esperma recolhido pela fêmea na sua cloaca (abertura dos sistemas reprodutor e excretor). Aí é armazenado
até que os ovos estejam maduros, conservando-se isolados ou em pequenos grupos.
Estes ovos são cobertos por um líquido pegajoso, que incha ao contato com a
água e serve para mantê-los aderidos às folhas, pois a fêmea, geralmente, cobre
os ovos com folhas de plantas aquáticas. A incubação dos girinos dura cerca de
duas semanas e, a partir do momento que saem do ovo, começam sua alimentação
com animais e plantas. De início carecem de membros, possuindo, em troca, amplanadadeira caudal, como os peixes, além de brânquias externas e membranosas. Com
o desenvolvimento vão aparecendo as patas e o girino começa a ter o aspecto de
animal adulto. Os pulmões evoluem gradualmente e, durante o verão, as brânquias
desaparecem. O mesmo acontece com a nadadeira caudal. Até este momento os
animaizinhos vão-se metamorfoseando para chegarem ao estado adulto. Logo que
atingem esse estado, abandonam a água, à qual algumas espécies só podem regressar
depois de alguns anos, durante a re- produção, com a chegada da maturação sexual.
Alguns tritões vivem só nos lugares úmidos, alimentando-se de lesmas, vermes e insetos.
Mesmo entre os anfíbios caudados, há muitas variações deste
ciclo vital. A salamandra pintada da
Europa é vivípara, ou seja, dá à luz
as crias em vez de pôr ovos. O acasalamento é feito em terra e os ovos se desenvolvem
e eclodem no interior da fêmea.
Quando chega o momento do parto, a fêmea mergulha na água e
aí libera os filhotes. Algumas salamandras dos Alpes e da América desenvolveram
ainda mais este processo. Como sua vida é totalmente terráquea os filhotes não necessitam de água e assim os ovos evoluem, passam pela etapa larvar e se
convertem em pequenos adultos (fase adulta) antes de abandonar o corpo da mãe, sendo
assim suprimido o período de larva aquática. Vários tipos de salamandras depositam
seus ovos no solo úmido, debaixo de pedras ou troncos caídos. A etapa de girino
é passada dentro do ovo, do qual sai um adulto em miniatura. A salamandra vermiforme americana (Amphiuna) é um exemplo típico. O que foi
dito anteriormente mostra como as salamandras chegaram a levar uma vida completamente
terráquea. No entanto, outras espécies evoluíram de modo diferente, sendo, na
atualidade, completamente aquáticas.
As formas aquáticas conservam, com frequência, suas
características larvárias, tais como as brânquias externas, mesmo na fase
adulta. O Necturus conserva asbrânquias externas, além de diminutos pulmões. Em outras espécies os membros
não se desenvolvem totalmente. Os axolotles
do México (Amblystoma tigrinum) podem
não atingir nunca os caracteres de adulto, e chegar à maturação sexual e
reproduzirem-se sem ter havido prévia metamorfose.
Ápodes
Estes animais, pouco conhecidos, vivem somente nos trópicos.
Têm aspecto de pequenas cobras, carecendo de membros, e diminutos olhos ocultos
debaixo da pele. Possuem, além disso, pequenas escamas epidérmicas,
característica que não têm os outros anfíbios. A maior parte constrói seus ninhos
em lugares úmidos, vivendo alguns dentro da água. Algumas espécies são vivíparas e aí o estado de larva não existe, como nas
outras salamandras.
Anuros
Estes animais, rãs e sapos, estão muito evoluídos e especializados,
tendo-se espalhado por todo o mundo. Há espécies arborícolas outras
completamente aquáticas (a maioria das formas típicas) e outras que vivem em
tocas. O acasalamento tem lugar, geralmente, dentro da água e os ovos são
fecundados logo após a postura. O ciclo vital da maioria das espécies é igual
ao da rã comum. Existem espécies que depositam seus ovos na terra úmida,
passando os girinos sua fase larvar dentro deles e nascendo já como pequenas rãs.
Em algumas espécies os indivíduos nascem já capazes de bastar-se a si mesmos.
Entre os sapos observam-se interessantes exemplos de amor
paternal. O sapo parteiro (Alytes
obstetricans), da Europa meridional, acasala em terra. Os ovos, postos em
tiras, são aderidos às patas posteriores do pai e aí ficam por duas ou três
semanas enquanto os embriões se desenvolvem. Ao final desse tempo o sapo entra
na água e aí deposita os ovos, dos quais, logo a seguir, saem os filhotes que
depois se desenvolvem normalmente. O sapo de Suriname, ou Pipa americana, da América do Sul, tem vida completamente
aquática, mas os seus filhotes, quando pequenos, não podem nadar livremente.
Uma vez postos os ovos são passados para as costas da fêmea e introduzidos em
pequenas cavidades, cobertas por dobras da pele, formando um ninho onde os
girinos completam sua vida larvar dentro desses "ninhos". Quando de
lá saem são diminutas reproduções de seus pais. Algumas espécies de rãs e sapos
fazem ninhos para guardar seus ovos, mas a maioria das espécies os deixa à mercê
dos peixes, patos e outros animais, chegando somente pequena quantidade ao estado
adulto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário