O estetoscópio





O médico, ao examinar-nos, frequentemente coloca uma de suas mãos sobre o nosso peito ou costas, enquanto golpeia ligeiramente com os dedos da outra mão, escutando o som produzido. Mais amiúde ainda utiliza o estetoscópio, um dos primeiros aparelhos de que deve munir-se o estudante de medicina. Este tipo de exame pode parecer, à primeira vista, muito simples e superficial; no entanto, um ouvido educado obtém, numa auscultação bem executada, muitas informações dos ruídos emitidos pelos diversos órgãos.


IMAGEM 01 - Leopold Avenbrugger - Acervo: Ludus Schola



O primeiro a utilizar o método da percussão foi o austríaco chamado Leopold’Avenbrugger. Quando jovem tinha observado seu pai, que era comerciante de vinhos, golpear frequentemente os barris e escutar o ruído produzido, com o fim de terminar seu conteúdo.


IMAGEM 02 - Médico auscultando paciente - Acervo: Ludus Schola


Mais tarde, em meados do século XVIII, Avenbrugger aplicou este método no exame de doenças no peito. Os pulmões estão situados numa cavidade limitada pelas costelas e pelo diafragma. Quando inspiramos, o diafragma se abaixa, e a caixa torácica se expande. Em consequência do vácuo produzido, o ar entra e enche os pulmões.

Algumas doenças do peito causam acumulação de líquido nos pulmões e na cavidade que o cerca. Ao percutir o tórax sadio obtém-se um som claro e oco, enquanto que uma cavidade cheia de líquido produz som apagado. O método de percussão é, portanto, rápido para detectar alguma anormalidade da caixa torácica.


IMAGEM 03- Modelo de madeira do primeiro estetoscópio - Acervo: Ludus Schola


O estetoscópio, apesar de sua simplicidade, é um instrumento de grande valia para os médicos. Trata-se simplesmente de um aparelho destinado a detectar sons e vibrações (as batidas do coração, por exemplo) produzidos por diversos órgãos do corpo humano, e transmiti-los ao ouvido. O que se utiliza atualmente consta de uma pequena campânula ou tambor oco unido a um tubo de borracha (ou plástico) bifurcado. Em cada extremidade da bifurcação encontra-se uma aurícula, através da qual o médico ouve os sons recolhidos pela campânula aplicada à superfície do corpo do paciente.

Durante muitos séculos, os homens dedicados à medicina escutaram as batidas do coração aplicando o ouvido diretamente sobre o peito do paciente, método que, além de ser pouco satisfatório, era também pouco higiênico.

Atribui-se a Réné Laënnec o invento do estetoscópio em 1816. Conta a história ter tido Laënnec um enfermo tão obeso, que, ao examiná-lo, lhe foi impossível escutar diretamente as batidas de seu coração. Por esta razão, lembrando-se de um brinquedo infantil, enrolou um pedaço de papel e usou este canudo para auscultá-lo. Dessa maneira pode ouvir as batidas do coração de seu paciente com muito maior clareza do que anteriormente.


IMAGEM 04 - O estetoscópio - Acervo: Ludus Schola


Em 1819, Laënnec confecciona um estetoscópio de madeira e publica um livro onde descreve em detalhes o funcionamento da invenção. Os primeiros estetoscópios eram deste tipo muito simples, logo, porém apareceram modelos mais com dois auriculares. Não deixa de ser uma ironia do destino que Laënnec tenha morrido de tuberculose, a doença que o estetoscópio tanto ajudou a detectar.

O estetoscópio foi utilizado, no princípio, para examinar o coração e os pulmões, e é esta ainda a sua principal aplicação. É usado, no entanto, frequentemente, para detectar a pulsação no braço, assim como para investigar certas anormalidades do aparelho digestivo.


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